O Bigviagem.com traz hoje para vocês uma entrevista fabulosa com o escritor LEFERR (Leandro Fonseca Leal Ferreira) onde podemos conhecer mais sobre como foi a sua experiência de realizar o caminho de Santiago de Compostela.
Leandro Fonseca Leal Ferreira é autor de grandes livros como “Campo de Estrelas“, no qual nos conta como foi fazer o caminho à Santiago, e que originou uma trilogia sete anos depois de ter cruzado o caminho do Campo de Estrelas (Santiago de Compostela) ; em seu outro livro “THE END”, LEFERR vai ao México e nos brinda com mais uma bélissima obra recheada de itens que nos faz refletir, pensar, imaginar, conhecer, distinguir, descobrir e entender muitas coisas e situações que nos cercam em nossas vidas. No livro “Um segundo Caminho”, LEFERR conta-nos sobre sua experiência de uma viagem a Machu Picchu, a cidade sagrada dos Incas, no Peru, através de um caminho alternativo.
LEFERR também lançou recentemente um livro infantil ‘Liebe – O menino chamado amor‘, destinado ao público infantil e que conta a história de um menino de sete anos que passa a ser ignorado e maltratado pelo pai.
Ao final da entrevista LEFERR conta-nos sobre os demais livros que escreveu e que tenho certeza será de grande interesse para os nossos leitores!
Vamos a entrevista abaixo:
Bigviagem: Leferr, antes de mais obrigada por aceitar nosso convite para a entrevista. Quando você tomou conhecimento sobre o caminho de Santiago de Compostela e sobre as peregrinações que são realizadas por pessoas de todo o mundo?
LEFERR: Tive conhecimento através de um livro, cinco anos antes de me aventurar a cruzar por aquele mágico caminho. E lhe confesso que nenhum momento passou em minha cabeça a quantidade de pessoas que encontraria pelo deserto do Campo de Estrelas. Imaginava realmente que cruzaria apenas desertos e por esse motivo conheceria pouquissimas pessoas, mas aconteceu o contrário, conheci gente do mundo todo, de todas as idades e profissões distintas com objetivos bem parecidos e diferentes do que os meus.
Bigviagem: Porque decidiu fazer o caminho para Santiago de Compostela?
LEFERR: Ao saber da existência desse caminho, algo dentro de mim, uma força, uma voz chamava-me para percorre-lo. Não sei explicar exatamente em palavras. O que posso dizer com toda sinceridade que era uma necessidade que minha alma buscava, tudo aquilo que eu precisava: o encontro comigo mesmo.
Bigviagem: Sabemos que existem vários caminhos para Santiago de Compostela (Espanha, Portugal e França),qual deles você fez?
LEFERR: Iniciei o caminho por uma pequena cidade francesa chamada Saint Jean Pied de Port. O caminho pela França é um dos mais longos, sua subida parece não ter fim.
Bigviagem: Quantas vezes você fez o caminho para Santiago de Compostela?
LEFERR: Apenas uma completando toda a jornada. Quem sabe um dia, eu volte para trilhar parte dele com meu filho Tiago, cujo nome em homenagem e a experiência desse caminho. Hoje ele tem sete anos de idade. E se esse desejo, interesse, um dia vier a despertar nele, gostaria de ser seu guia. Sinto-me parte do caminho.
Bigviagem: A pergunta que todo mundo se faz quando pensa em fazer o caminho para Santiago, e é a que faço à você: A caminhada é realmente sofrida a nível físico? O corpo aguenta?
LEFERR: Nem todas as pessoas, ou melhor, a maioria das pessoas não conseguem cruzar todo o caminho. Ou por motivo de tempo, ou por que realmente não aguentam, pois trechos do caminho de Compostela são muito arduos. Mas sempre digo a todos que me perguntam: a fé e a vontade de conseguir é de cada um. Por que quando queremos realmente uma coisa, acharemos uma solução para tudo aquilo que nos dispomos a fazer. Se o corpo não estiver preparado, basta prepará-lo, para assim que estiver pronto dar continuidade aos seus sonhos e objetivos. Qualquer pessoa é capaz, basta querer de verdade.
Bigviagem: Antes da peregrinação você fez ou teve algum preparo físico?
LEFERR: Não. Fui na cara e na coragem, por isso, paguei um preço bem alto. Mas minha vontade era tão grande, tão grande que o próprio caminho foi me preparando.
Bigviagem: O que você tem a nos contar sobre os albergues encontrados durante a sua peregrinação?
LEFERR: Há três tipos de albergues pelo caminho do Campo de Estrelas: particular, donativos e municipal. O que distingue um do outro é a qualidade dos serviços, como o valor que vai se pagar. Mas independentemente de qualquer coisa, todos tem o essencial, uma cama para descansar o corpo e água para se banhar. Além é claro dos peregrinos que encontramos por todos os albergues, as amizades que fazemos. Uns dos maiores ensinamentos do caminho é a simplicidade. Conforto, quem nos dá é a simples e as mais belas paisagens, as constelações: os pontos brilhantes no céu, o sol, toda a natureza que nos cerca.
Bigviagem: O que você pode nos falar sobre as pessoas com as quais cruzou durante sua peregrinação, todas estavam em busca do seu “Eu”?
LEFERR: Encontrei pessoas de todos os gêneros que se possa imaginar. E nem todas elas estavam em busca do EU. Ainda sim, aprendi muito com todas elas. A troca de experiências, o convivio, compartilhar, dividir o pão, o espaço, ensina ou reforça a cada um o princípio básico da vida: o respeito. O ser humano é realmente incrível.
Bigviagem: Você acha que durante a peregrinação realmente é possível encontrar respostas para nossos anseios e dúvidas mais profundas relativamente a nossa vida pessoal? Já que provavelmente é isso que todo mundo espera.
LEFERR: Eu não acho, tenho certeza. Garanto que qualquer pessoa que se pré dispoem a trilhar pelo caminho de Santiago de Compostela, as respostas do que se busca, se encontra: olhos para ver e ouvidos para ouvir. E ao encontrarmos as respostas das quais procurávamos, novas descobertas mudarão a direção das perguntas. Estamos em constante aprendizado, sempre teremos um porque. “Buscai e achareis…”
Bigviagem: Na sua opinião porque as pessoas encontram estas respostas? É em razão de durante a peregrinação terem tempo para refletirem sobre suas vidas, ou é pelo sofrimento da caminhada que encontram respostas?
LEFERR: Os dois. Mas o maior é o desprendimento, a vontade de mudar, a insatisfação consigo mesmo. Buscar a transformação daquilo que não gostamos e não achamos certo. Descobrimos em nós muitas coisas que não sabíamos que somos capazes, conseguindo assim, acender novamente a chama do coração. Entende?
Bigviagem:Você encontrou respostas para o que necessitava durante a sua peregrinação?
LEFERR: Encontrei, e tive a felicidade dessa experiência tornar-se um livro e dividir com todas as pessoas que se interessarem.
Bigviagem: Porque você utiliza o nome Leferr, o que significa e como surgiu?
LEFERR: No capítulo 32, narro detalhadamente como isso aconteceu. Leferr significa a junção de todo o meu nome: Leandro Fonseca Leal Ferreira. Não posso contar mais do que isso, se não as pessoas que ainda não leram o livro saberão antes do tempo. (Disse o autor em tom de brincadeira.)
Bigviagem: Em que sua vida mudou após a peregrinação até Santiago de Compostela?
LEFERR: O caminho para mim foi um divisor de águas na minha vida. Hoje estou no meu quarto livro, o primeiro infanto-juvenil, levando aos jovens o hábito a leitura e o verdadeiro sentido da vida: o amor.
Bigviagem: Na sua opinião quantos dias são necessários para fazer a peregrinação até Santiago de Compostela?
LEFERR: Isso é muito relativo, pois pessoas são diferentes e cada uma tem seu tempo. O que vou dizer é entre 30 a 35 dias, caminhando no mínimo de vinte a trinta quilometros por dia. Menos do que isso somente sendo um atleta.
Bigviagem: O que um peregrino deve levar para esta caminhada?
LEFERR: O mínimo de coisas possíveis, pois sua mochila será sua companheira por toda a jornada e quanto mais leve estiver, menos peso levará. Caminhar 774 km sem mochila já é difícil, imagina com peso nas costas. A minha tinha um total de 7 quilos aproximadamente: levei três camisetas, uma calça que vira bermuda, mais uma bermuda de reserva, uma capa de chuva, o tenis que usava e uma sandália, três cuecas, três meias, um boné, máquina de retrato, um gravador, lápis, um bloco de anotações, um saco de dormir, escova e pasta de dentes, centriun e o essencial: muita vontade de mudar, de me encontrar.
Bigviagem: Quais os conselhos de segurança para se ter durante o caminho?
LEFERR: Não deixar seus pertences jogado em qualquer lugar. De resto é só confiar em Deus e deixar que o caminho te conduza.
Bigviagem: Acha aconselhável que uma mulher faça o caminho sozinha?
LEFERR: Se ela aguentar sim, claro. Certamente ela encontrará pessoas que caminharão parte do caminho com ela. A decisão é muito, mas muito pessoal.
Bigviagem: Quais as dicas básicas que você daria a quem pretende fazer o caminho para Santiago de Compostela?
LEFERR: Esforçar-se para limpar a mente e o coração, e não deixar que o medo e a preguiça impeça de seguir em frente. Deixar tudo para trás, caminhar de peito aberto. E acreditar em Deus, nessa energia que nos move.
Bigviagem: Qual estação do ano você acha aconselhável fazer a peregrinação?
LEFERR: Agosto/Setembro.
Bigviagem: Fale-nos sobre os seus dois últimos livros que completam a trilogia que se iniciou no caminho de Santiago de Compostela.
LEFERR: No ano seguinte ao ter cruzado todo o caminho do Campo de Estrelas, tradução de Compostela, o destino me conduziu para um outro país. Antes de chegar em Cuzco, cidade imperial do Peru, conheci dois jovens austríacos com o mesmo objetivo que eu. Por não termos autorização para percorrer o caminho tradicional até Machu Picchu, o destino coloca em nossos caminhos um guia descendente dos incas para trilhar uma segunda rota que nos levou a cidade sagrada, tendo que escalar a montanha Salkantai coberta de gelo com mais de cinco mil metros a nivel do mar, onde o perigo nos acompanhou por todo o trajeto, fazendo-nos vencer o medo da morte, aprendendo a conviver com os costumes indígenas daquela região. Este livro é denominado como: UM SEGUNDO CAMINHO. Sete anos depois de ter iniciado meu caminho de busca, do self, com minha vida completamente modificada, a própria vida me levou para a cidade do México, para encontrar a última peça do meu quebra-cabeça, fechando assim, com chave de ouro essa envolvente trilogia que faz o leitor se questionar, refletir e se libertar das inconstâncias dos pensamentos, em que as mensagens decifradas vão se descobrindo nas entrelinhas dessa surpreendente história, que leva, enfim, o verdadeiro sentido da vida: o amor. Título da obra: THE END.
Foi um prazer responder suas perguntas. Espero que você e seus leitores gostem, pois tudo que escrevi foi com o coração. Desejo a vocês muita paz, saúde, amor e bem. E sigam sempre o caminho da luz. Diante de Maria. Diante de Jesus! Um beijo no coração de todos vocês. Fiquem com Deus, nessa energia que nos move.
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