Você gosta de viajar? Gosta de ler? Se sua resposta foi sim, então certamente você adora literatura de viagens. Eu adoro! Eu amo ler, e devoro tudo que cai em minhas mãos e se for livros sobre viagem, guias de cidades, mapas e tudo que nos faça conhecer mais sobre algum lugar, melhor ainda. Aliás já falei aqui sobre “Machu Picchu” e sobre “Campo de Estrelas” do meu amigo Leferr.
Porém o que muitos de nós não sabíamos é que a literatura de viagens remontam ao século II. Abaixo temos um artigo muito interessante do nosso colaborador Pedro B. que aborda este tema. Vamos ler?
Brevíssima incursão pela literatura de viagens
A arte de viajar faz parte do nosso inconsciente coletivo desde há muito tempo. Supõe-se que as primeiras obras de literatura de viagens remontam ao século II, no qual o escritor e geógrafo grego Pausanias, contemporâneo do imperador romano Marco Aurélio, faz uma descrição da Grécia dos seus dias. Mais tarde, já no século X, este género foi muito popular durante a dinastia Song da China medieval – uma dinastia que durou cerca de 400 anos.
Também a civilização árabe popularizou este tipo de literatura durante os séculos XIII e XIV, no entanto, sempre subordinada a temas mais latos como a topografia e a geografia. Foi apenas no século XIV que surgiu a primeira obra que está mais próxima daquilo que hoje chamamos literatura de viagens. O seu autor foi Petrarca e nela relata o prazer de subir ao monte Ventoux, sem qualquer preocupação de carácter geográfico, topográfico ou de outra natureza qualquer.
A partir daí, vários exemplos sucedem-se ao longo dos 4 séculos seguintes, com especial destaque para diários marítimos da responsabilidade de piratas famosos, como James Cook, até chegarmos às obras de Robert Louis Stevenson no fim do século XIX. A “Ilha do tesouro” mistura literatura, ficção científica, ficção histórica, literatura de viagens, romance. Outras obras deste autor fazem menção, pela primeira vez, ao campismo e à boleia como atividades recreativas ao alcance de todos. Tornaram-se clássicos de várias gerações e são reeditados, todos os anos, em muitos países. Foi a rampa de lançamento que a literatura de viagens estava a precisar.
Por fim, a modernidade. Finda a segunda guerra mundial, inventou-se a sociedade de consumo e o imaginário das viagens passou a intoxicar-nos… e ainda bem. Os guias invadiram as prateleiras das livrarias. O seu impacto foi tão grande que permitiram-se reinventar com versões concebidas para todo o tipo de gostos. Se eu quiser luxo, ou ambientes alternativos, ou gastronomia, ou música, ou vida noturna, ou uma série infindável de categorias, eu consigo encontrar.
Simultaneamente, a literatura de viagens impunha-se como género definitivo, maduro e independente. Grandes nomes surgiram, em Portugal inclusive, tornaram-se incontornáveis na história da literatura e ofereceram-nos obras verdadeiramente icónicas e inspiradoras.
Os primeiros nomes que me vêem à cabeça são Paul Theroux, Jan Morris e Bill Bryson. Tive a sorte e o privilégio de os “devorar” durante estas minhas férias. A acidez e a crueza de Theroux tem a capacidade de nos incomodar e chocar e de nos fazer refletir, o onirismo de Morris hipnotiza-nos e transporta-nos para ambientes que julgamos verosímeis, mas não o são, e o humor, sagacidade e curiosidade ilimitada de Bryson não tem preço… não tem mesmo!
Estes autores, entre muitos, elevaram a literatura de viagens a patamares surpreendentes e os seus contributos constituem a base de um edifício que não podemos dar-nos ao luxo de descurar. São património de todos os viajantes, de todos os turistas que todos os anos procuram experiências e perseguem memórias que irão perdurar durante toda a sua vida e que serão passadas para as próximas gerações.
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